Retrospectiva Produtiva
GESTÃO DO CONHECIMENTO
LeMa

1. O que não aparece nas redes
Dezembro sempre chega com aquele clima conhecido de quem vive o marketing por dentro. As timelines se enchem de lembranças, fotos, sorrisos e momentos que cabem bem em poucos segundos. É bonito, leve e funciona na abordagem de social media. Mesmo assim, existe outro lado do ano que raramente aparece. O lado que realmente mexe com a gestão.
É o momento em que paramos para respirar fundo antes de continuar. Momento de olhar para aquilo que crescemos, para aquilo que deixamos passar, para aquilo que funcionou melhor do que o esperado e, principalmente, para aquilo que evitamos encarar porque poderia incomodar. Toda clínica carrega esse silêncio. Às vezes é uma falha que ninguém comentou. Às vezes é uma decisão tomada no impulso. Às vezes é a sensação de que poderíamos ter feito diferente se tivéssemos parado para refletir com mais calma.
2. O que realmente significa revisar um ano
No meio da correria, revisar tudo isso pede coragem. Não a coragem de admitir erros, que pode limitar o olhar, e sim a coragem de perceber o que amadureceu. De olhar para aprender. De olhar para crescer com intencionalidade. De olhar para assumir que o marketing, quando estruturado de verdade, exige reflexão e ações bem fundamentadas, muito além da dopamina das redes sociais.
É nesse ponto que entra a proposta que desenvolvi: a Retrospectiva Produtiva.
3. Como essa ideia nasceu na prática
Ela não nasceu como um conceito abstrato. Nasceu da prática. Nasceu das reuniões que marcaram meu ano. Nasceu das conversas em que percebi que os avanços mais importantes das clínicas surgiam justamente quando parávamos para olhar para dentro com honestidade e método.
No meu contexto, pensar em abordagens não é novidade. Desenvolvi diversas ferramentas ao longo do tempo, fruto da habilidade que construí na minha trajetória como designer. Hoje, esse modo de pensar é reconhecido no mercado como design instrucional.
4. O propósito da Retrospectiva Produtiva
A Retrospectiva Produtiva é uma proposta autoral para transformar vivências em aprendizado aplicável, evitando a repetição de padrões e fortalecendo o ciclo seguinte. Ela convida gestores a organizarem o ano pela ótica da clareza, não da culpa.
Por isso, não é uma retrospectiva para decorar mural de fim de ano. É uma prática de gestão. É a base para o próximo ciclo com mais lucidez e menos improviso. É como um mapa íntimo que revela decisões, caminhos, tropeços e acertos que moldaram o ano.
5. Onde o método encontra sentido
Essa prática nasceu da junção de dois mundos. O lado criativo do designer, sempre voltado para ferramentas e processos. E o lado atento do consultor, mergulhado no cotidiano das clínicas, reconhecendo padrões invisíveis. O que mais trava o crescimento de uma clínica não é a falta de ideias, mas a falta de tempo e espaço para revisitar o que realmente importa.
E revisitar exige pausa. Exige maturidade. Exige aceitar que, às vezes, o gargalo não está em um setor específico, mas no fluxo e nos processos integrados. Em equipes que não conversam entre si. Em rotinas que foram crescendo sem estudo. Em decisões antigas que não acompanharam o tamanho atual da clínica.
6. Por que alguns gestores evitam essa etapa
É natural evitar esse mergulho. Ninguém gosta da ideia de expor fragilidades da própria equipe. Ninguém quer mexer em algo que aparentemente está funcionando. E existe, sim, um desconforto ao perceber que uma decisão mal avaliada atrasou resultados. Isso é humano. E não existe gestão madura sem atravessar esse tipo de reflexão.
Por isso, a retrospectiva não é um julgamento. É um gesto de aperfeiçoamento. É um convite para quem realmente quer crescer. Quem está apenas cumprindo tabela dificilmente se reconhece nessa jornada.
7. Como começar: um passo simples e prático
Minha sugestão é que você também faça a sua retrospectiva sob essa ótica. Anote numa folha, num bloco ou no computador, como preferir. Muita gente usa post-its para montar esse memorial, algo que utilizo bastante. Para facilitar o processo, recomendo usar inteligência artificial como apoio. Ela funciona como uma ponte entre memória e documento.
Abra um chat e use o prompt a seguir.
8. O prompt que uso nas minhas próprias retrospectivas
Retrospectiva Produtiva
Publicado em 01 de dezembro de 2025.
Com isso, a IA irá confirmar que entendeu, e você poderá iniciar a conversa respondendo às seis questões sugeridas acima. Fique à vontade para explorar outras reflexões se considerar necessário. Ao término, peça que ela transcreva tudo em um bloco contínuo de texto. Assim, você terá em mãos o primeiro escopo da sua Retrospectiva Produtiva.
9. O que descobri quando fiz a minha Retrospectiva Produtiva.
Quando fiz esse processo, algumas memórias vieram com força. Lembrei do improviso em uma clínica que não tinha verba para ferramentas avançadas. A solução foi simples, quase artesanal, e mudou a rotina deles.
Também lembrei de uma assessoria que parecia básica na teoria, “só” gestão de tráfego no Google ADS, mas que só avançou quando alinhei comunicação, setor interno e presença digital. Foi ali que confirmei, mais uma vez, que marketing sem estrutura consome muita energia para poucos resultados.
10. Onde firmeza vira cuidado
Sempre trabalhei com um estilo amigável e compreensivo, mas houve um momento em que eu precisava ter sido mais enfático desde o início. Fui ignorado com sucesso (tentativa de humor), falando sério, minhas solicitações e feedbacks não foram respondidos, o que prejudicou o andamento do marketing de uma clínica em especial. Essa situação me ensinou mais do que eu esperava.
Percebi que firmeza não é dureza. É objetividade. É preservar a qualidade daquilo que está sendo construído. E, a partir dali, aprimorei a clareza das minhas orientações e o modo como conduzo retornos quando falta resposta interna. Não foi sobre deixar rolar. Foi sobre aprender a colocar as coisas no lugar certo, no tempo certo, com respeito mútuo.
11. A confiança que precisa vir dos dois lados
O ponto cego que eu não enxergava apareceu quando percebi que confiança não nasce apenas do meu esforço. Precisa ser construída pelos dois lados. Houve uma clínica em que essa confiança não se estabeleceu. A gestora tinha uma postura marcada por desconfiança, e nenhum resultado parecia suficiente. Havia um clima estranho, com uma energia quase de trama, algo que parecia vir de algumas experiências anteriores com outros fornecedores. Fiz o possível para criar um vínculo duradouro, mas nada avançava.
Isso ampliou meu entendimento e me fez lembrar do meu primeiro artigo sobre Alinhamento de Valores. Nem toda parceria encontra terreno fértil, mesmo quando você entrega o seu melhor. Hoje estou mais atento a não me demorar onde não consigo somar ou multiplicar. E deixo claro para mim mesmo que meu papel é unir forças, não diminuir.
12. A mudança de liderança que virou aprendizado
Também vivi o caso de uma clínica que estava avançando bem até a troca de liderança. A nova diretora tinha uma visão fechada, muito presa ao modelo ingênuo de marketing, entre posts e likes, e isso interrompeu um processo que vinha evoluindo.
Foi frustrante, mas dali surgiu um insight importante. Comecei a desenvolver um onboarding avançado para novos integrantes. Uma forma de unir o que está sendo desenvolvido com a continuidade prevista para construção de legados, mesmo quando mudam as pessoas envolvidas no projeto.
13. A Retrospectiva Produtiva abre novos começos
E é isso que ela faz. Mostra onde você estava, onde acertou, onde travou e onde pode crescer ainda mais. Mostra que, mesmo quando o cenário é adverso, existe avanço. Mostra que toda clínica pode evoluir quando abre espaço para olhar para dentro com honestidade, técnica e calma.
Agora é hora de você fazer a sua Retrospectiva Produtiva. Até porque uma clínica forte não nasce de ações pontuais e soltas. Nasce de estrutura, consistência, coragem e visão.
Que a sua Retrospectiva Produtiva traga lucidez, aprendizado e, quem sabe, aquelas boas surpresas que aparecem quando a gente olha para o ano com verdade e intenção de crescer. É uma baita oportunidade de aprimoramento.
E que o próximo ciclo venha com boas novidades, sempre em frente. Quem cuida cria bons legados.


LeMa é consultor e professor de marketing.
Formado em Design, com MBA em Gestão Estratégica (Univali) e Mestrado em Gestão do Conhecimento pela UFSC, dedica-se a desenvolver estratégias que unem propósito e método.
Entre uma consultoria e outra, escreve sobre marketing, inovação e comportamento empreendedor, transformando conhecimento em progresso.
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